Há muito tempo não experimentava a sensação de ficar em um aeroporto, com o cartão de embarque nas mãos, sem qualquer perspectiva de embarcar.
O ensaio do Natal aconteceu sexta-feira retrasada, quando um temporal de proporções diluvianas caiu sobre o Rio. Para se ter uma ideia da situação, quem estava na passarela envidraçada de embarque do Santos Dumont mal conseguia enxergar a baía do outro lado da pista.
A consequência da intempérie foi a suspensão das operações de pouso e decolagem por mais de uma hora. Se no tempo em que só a Ponte Aérea funcionava ali isso já era complicado, agora, com slots disputados com voos para os quatro cantos, piorou.
Logo na chegada ao check in, dei de cara com uma fila quilométrica. Como tenho cartão de milhagem tive sorte de poder usar um guichê vazio. Com uma santa ingenuidade falei para a atendente: “que confusão, ainda bem que meu voo é só 21h15”.
Recebi de volta um sorriso e uma resposta cruel: “Aham, tá... esse aí só Deus sabe quando vai decolar”. Acabei sendo colocado, às 20h, na aeronave que deveria ter decolado às 18h45.
O embarque foi às 22h10 – ou seja, com autorização especial já que o limite é 22h – e a decolagem 22h30. No meio do caminho, o que suspeitava aconteceu: o comandante avisou que, pelo adiantado da hora, estávamos com proa para Guarulhos. E eu ainda tive sorte de ter conseguido embarcar.
Imaginava que até o horário do embarque os atrasos poderiam ser recuperados, mas a situação é muito mais complexa do que as garantias que o ministro da Defesa deu à população sobre esse assunto na quinta-feira.
O nó era cego porque várias aeronaves tinham sido surpreendidas pela força do temporal durante o trajeto e tiveram de ser desviadas para o Galeão. A malha, assim, ficou interrompida e só foi restaurada quando esses mesmos jatos puderam decolar de um aeroporto e pousar no destino.
Descrevo a minha situação para mostrar que medidas como reforço de fiscalização por parte da Anac não são exatamente um alívio para quem planejou voar e não conseguiu.
Na verdade não resolvem o essencial, que é a incapacidade da operadora, por qualquer razão, ano após ano, de cumprir o papel estabelecido no contrato de compra da passagem. Atribuir dificuldades e nós como o que também ocorreu em São Paulo esta semana apenas à meteorologia é, de certa forma, discutir parcialmente o problema. Há quanto tempo se sabe que os dois aeroportos (CGH e SDU) fecham por conta da chuva?
O que queria deixar claro como crítica à posição do ministro é o fato de que a tecnologia de controle de tráfego avançou. Se houve a decisão, mais política do que técnica, de abrir o Santos Dumont para outras rotas que não apenas Rio-São Paulo, deveria haver, também, recomendações para melhorias no auxílio ao pouso.
Até onde sei, no Santos Dumont a aterrissagem pela perna do Cristo Redentor é sempre feita no visual. Que tipo de melhoria para a performance do pouso o aeroporto recebeu nos últimos anos para se adequar tanto às exigências climáticas quanto às necessidades decorrentes do aumento do tráfego? Afinal, se não estou enganado, hoje são 27 pousos ou decolagens por hora no terminal. É muita coisa.
Não sou contra esse volume. Pelo contrário. Como passageiro, adoro o SDU pela localização e pelo conforto que oferece perto do Galeão, este sim, um aeroporto ultrapassado – mesmo com toda a maquiagem a que está sendo submetido – e hostil para quem sai e para quem chega. Minha defesa é para o investimento em tecnologia que torne tempestades um aborrecimento de menor duração.
Lembro de ter visto na internet um vídeo com um teste no qual um Learjet pousa em Aspen, no Colorado, com o piloto usando um óculos de infravermelho. A pista é difícil em condições normais, mas pareceu mais fácil de operar com a geringonça. Avanços nessa direção melhorariam a vida de muita gente não só no Santos Dumont, mas em Guarulhos, Curitiba, Manaus e outros lugares problemáticos.
O ensaio do Natal aconteceu sexta-feira retrasada, quando um temporal de proporções diluvianas caiu sobre o Rio. Para se ter uma ideia da situação, quem estava na passarela envidraçada de embarque do Santos Dumont mal conseguia enxergar a baía do outro lado da pista.
A consequência da intempérie foi a suspensão das operações de pouso e decolagem por mais de uma hora. Se no tempo em que só a Ponte Aérea funcionava ali isso já era complicado, agora, com slots disputados com voos para os quatro cantos, piorou.
Logo na chegada ao check in, dei de cara com uma fila quilométrica. Como tenho cartão de milhagem tive sorte de poder usar um guichê vazio. Com uma santa ingenuidade falei para a atendente: “que confusão, ainda bem que meu voo é só 21h15”.
Recebi de volta um sorriso e uma resposta cruel: “Aham, tá... esse aí só Deus sabe quando vai decolar”. Acabei sendo colocado, às 20h, na aeronave que deveria ter decolado às 18h45.
O embarque foi às 22h10 – ou seja, com autorização especial já que o limite é 22h – e a decolagem 22h30. No meio do caminho, o que suspeitava aconteceu: o comandante avisou que, pelo adiantado da hora, estávamos com proa para Guarulhos. E eu ainda tive sorte de ter conseguido embarcar.
Imaginava que até o horário do embarque os atrasos poderiam ser recuperados, mas a situação é muito mais complexa do que as garantias que o ministro da Defesa deu à população sobre esse assunto na quinta-feira.
O nó era cego porque várias aeronaves tinham sido surpreendidas pela força do temporal durante o trajeto e tiveram de ser desviadas para o Galeão. A malha, assim, ficou interrompida e só foi restaurada quando esses mesmos jatos puderam decolar de um aeroporto e pousar no destino.
Descrevo a minha situação para mostrar que medidas como reforço de fiscalização por parte da Anac não são exatamente um alívio para quem planejou voar e não conseguiu.
Na verdade não resolvem o essencial, que é a incapacidade da operadora, por qualquer razão, ano após ano, de cumprir o papel estabelecido no contrato de compra da passagem. Atribuir dificuldades e nós como o que também ocorreu em São Paulo esta semana apenas à meteorologia é, de certa forma, discutir parcialmente o problema. Há quanto tempo se sabe que os dois aeroportos (CGH e SDU) fecham por conta da chuva?
O que queria deixar claro como crítica à posição do ministro é o fato de que a tecnologia de controle de tráfego avançou. Se houve a decisão, mais política do que técnica, de abrir o Santos Dumont para outras rotas que não apenas Rio-São Paulo, deveria haver, também, recomendações para melhorias no auxílio ao pouso.
Até onde sei, no Santos Dumont a aterrissagem pela perna do Cristo Redentor é sempre feita no visual. Que tipo de melhoria para a performance do pouso o aeroporto recebeu nos últimos anos para se adequar tanto às exigências climáticas quanto às necessidades decorrentes do aumento do tráfego? Afinal, se não estou enganado, hoje são 27 pousos ou decolagens por hora no terminal. É muita coisa.
Não sou contra esse volume. Pelo contrário. Como passageiro, adoro o SDU pela localização e pelo conforto que oferece perto do Galeão, este sim, um aeroporto ultrapassado – mesmo com toda a maquiagem a que está sendo submetido – e hostil para quem sai e para quem chega. Minha defesa é para o investimento em tecnologia que torne tempestades um aborrecimento de menor duração.
Lembro de ter visto na internet um vídeo com um teste no qual um Learjet pousa em Aspen, no Colorado, com o piloto usando um óculos de infravermelho. A pista é difícil em condições normais, mas pareceu mais fácil de operar com a geringonça. Avanços nessa direção melhorariam a vida de muita gente não só no Santos Dumont, mas em Guarulhos, Curitiba, Manaus e outros lugares problemáticos.
Fonte: JB Online - Marcelo Ambrosio.
Photo by: josiasdesouza/teclasap.com.br/comoloharias.com/flickr.com/crabjelly.zip
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