O Escritório de Investigações e Análises sobre a Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) divulgou um segundo relatório sobre a queda do voo 447 da Air France, que partiu no dia 31 de maio do Rio de Janeiro com destino a Paris e desapareceu dos radares no fim da noite.
O acidente matou as 228 pessoas a bordo. No documento, o órgão francês recomenda que sejam determinados novos padrões para testes nos sensores de velocidade, pois eles podem sofrer alterações em altitudes elevadas, caso haja acúmulo de gelo.
O relatório parcial não confirma qual seria a causa do acidente, porém aponta que houve problema nos sensores, chamados pitots.
O BEA informou que a Airbus, construtora do A330 que caiu, identificou 32 acidentes, entre 12 de novembro de 2003 e junho deste ano, nos quais dois ou mais dos sensores de velocidade haviam acumulado gelo.
Quando os pitots são bloqueados pelo gelo, eles enviam falsas medições de velocidade para os computadores do próprio avião, como no caso do voo 447. A aeronave enviou várias mensagens automáticas de erro antes de cair.
O órgão francês já ordenou anteriormente que as companhias aéreas substituam os pitots nos Airbus A330 e A340 por um modelo feito nos Estados Unidos. Nesse mais recente relatório, o órgão pede novos padrões para testes nesses sensores, para que eles também levem em conta condições como baixas temperaturas.
Robert Soulas, que perdeu a filha e o genro na tragédia, faz parte de uma associação que representa familiares de 54 das vítimas. Para ele, a investigação do BEA está atrasada nas buscas pelos destroços. Jean-Paul Troadec, que substituiu Paul-Louis Arslanian em outubro como chefe do órgão francês, já adiantou que haverá a partir de fevereiro uma nova expedição de três meses para buscar as caixas-pretas da aeronave.
"Por que estamos esperando tanto?", questionou Soulas. "Quanto mais esperamos, mais provável que as caixas-pretas se deteriorem."
Sem as caixas-pretas, investigadores podem nunca conseguir determinar o que ocorreu com o Airbus A330. A segunda e mais recente busca pelos materiais foi encerrada em agosto.
A nova pesquisa terá o apoio da Marinha dos EUA e da National Transportation Safety Board, organização norte-americana independente que é indicada pelo Congresso para investigar acidentes na aviação civil dos EUA. Também participarão especialistas do Reino Unido, Alemanha, Rússia e Brasil, além de companhias privadas.
John Clemes, que perdeu um irmão no acidente, critica o fato de os investigadores ainda não terem contratado, em novembro, especialistas para determinar qual trecho do mar será vasculhado na próxima busca.
Ele também nota uma possível falta de transparência das autoridades no caso. Familiares brasileiros das vítimas também já reclamaram que não recebiam informações suficientes sobre a investigação.
Frustrado com as respostas do BEA, Soulas apela para testemunhas de outro voo, o 445, também da Air France, que sofreu turbulências perto do local do acidente com o 447.
A forte turbulência no voo 445 levou a um pedido de socorro, em 29 de novembro, mas posteriormente o avião conseguiu seguir sua rota. Investigadores também avaliam esse incidente, que poderia ajudar a esclarecer o acidente no voo 447. Com informações da Dow Jones.
Fonte: Estadão.
Photo by: FAB/Aeroblog.
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