segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Bird Strike: Davi e Golias duelando nos céus


Atualmente um dos maiores causadores de incidentes é a colisão com pássaros na decolagem e pouso, problema que vem ficando cada vez mais recorrente e tomando as manchetes dos jornais com certa frequencia. Segundo a Infraero, em 2008 ocorreram 219 colisões com pássaros apenas nos aeroportos por ela administrados, e o próprio Cenipa admite que esses dados podem ser inexatos já que diversas ocorrências desse tipo não são reportadas, principalmente quando acontecem fora dos grandes aeroportos.

Muitas medidas para conter o problema vem sendo estudadas há alguns anos, dentre elas podemos destacar a Resolução nº 04 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) de 09 de Outubro de 1995, que normatiza a respeito da ASA (Área de Segurança Aeroportuária) e a delimita num raio de 20 km do aeroporto que opere IFR e 13 km para os aeródromos que operam VFR. Dentro dessa aérea é proibida a implantação de atividades como matadouros, cortumes, lixões e culturas agrícolas que atraiam aves.


Além disso, está em tramitação desde 2004 um Projeto de Lei que estabelece medidas para controle de aves nas imediações dos aeródromos. O projeto 4464/04, que complementa a Resolução 04 e ainda cria o PCA (Política de Controle Aviário), já foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) e remetido pela Mesa da Câmara dos Deputados ao Senado Federal, onde atualmente se encontra com o número PLC 74/2009, tendo como último movimento sua remessa para a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

A PCA é um programa elaborado pela autoridade aeronáutica onde todos os objetivos e metas de controle aviário devem ser seguidos pelos responsáveis pela administração do aeródromo, seja ele privado ou público, e os casos onde o aeródromo não consiga cumprir as determinações deverão ser aprovados pela autoridade ambiental do município e pelo SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Se aprovado o Projeto de Lei, para o seu desrespeito prevê-se suspensão do certificado de homologação do aeródromo, além de multas simples ou diárias.


Outro ponto que deveria ajudar são os próprios Planos Diretores municipais, que as prefeituras fazem a cada 10 anos, onde são feitos todos os estudos de zoneamento urbano e o que deverá ser seguido na expansão da cidade. Na maioria das vezes, porém, o plano não é seguido e atividades que atraem aves acabam por se instalar próximo a aeroportos. A explicação é bastante simples: a atividade aérea traz barulho, o que é indesejado pela população, bem como lixões, cortumes e matadouros, já que trazem mal cheiro. A solução muitas vezes é concentrar tudo a uma certa distância da cidade e como não há fiscalização eficiente, tais atividades se fixam próximas aos aeroportos.

Algumas medidas para tentar mitigar o problema vem sendo implantadas, desde o simples ato de soltar rojão quando há uma concentração de pássaros próxima a pista até o uso de falcões treinados para espantar a revoada. Encontra-se em fase inicial de estudos, também, a instalação de sonares próximos a pista que emitiriam sons que incomodam os pássaros e os manteria afastados da pista, porém ainda não há nada de concreto a respeito disso.

Em alguns aeródromos pequenos, quando há grande concentração de aves próximas a pista o guarda campo solta rojão próximo da revoada para tentar espantar os pássaros. Essa é uma das medidas mais ineficientes já que pouco tempo após o estouro dos rojões os pássaros estarão de volta sobre a área e caso essa medida se torne uma constante, em pouco tempo as aves irão se adaptar com o barulho e não mais sairão do local.

Em alguns aeroportos europeus e mais recentemente Pampulha em Belo Horizonte e Salgado Filho em Porto Alegre estão sendo usados falcões para controlar as revoadas. O procedimento é aparentemente simples, já que um falcão treinado voa próximo das aves, espanta a revoada e retorna ao criador. Um dos grandes problemas dessa medida é o custo para se treinar os falcões e o tempo necessário para o treinamento. Para alguns casos de alta concentração de pássaros também pode não ser uma medida viável.

Dentre todas as medidas que visam conter o problema nenhuma é tão eficiente quanto a prevenção. Um zoneamento urbano eficiente e uma política de controle de ocupação de terrenos nas áreas de entorno dos aeródromos e aeroportos seria a medida mais adequada, já que evitando que se formem lixões auxilia-se muito no controle aviário, vez que pássaros como urubus ficam próximos a essas áreas.

Além disso, é importante se ter locais adequados para a destinação do lixo. Aterros Sanitários são locais onde há preocupação no controle de aves mas em muitas cidades o lixo é destinado aos lixões a céu aberto onde não há o menor controle. Controlar as lavouras também é uma medida essencial para não haver grande concentração de aves nos aeródromos localizados próximos de áreas rurais.


Fora isso, talvez o maior entrave para se resolver a situação seja ainda a falta de vontade política em se endereçar o problema, já que seriam necessárias medidas muitas vezes pouco populares como, por exemplo, remoção de favelas. O governo federal criou os programas de controle aviário, mas para que eles funcionem efetivamente é necessário que haja fiscalização e principalmente, conscientização dos moradores das áreas de entorno dos aeroportos para que não haja acúmulo de lixo nos locais dentro da ASA.

O problema é recorrente e os casos de colisão de aeronaves com pássaros são comuns, são necessárias medidas urgentes para conter o problema e assim prover segurança para a operação. Enquanto isso pássaros colidem com aviões colocando em risco a segurança de todos a bordo e as empresas aéreas gastam milhões para trocar motores, para brisas e chapas de metal de aeronaves atingidas por aves.

Fonte: Portal CR.
Texto: Philipe Pacheco.
Photo By: Internet sem fontes.

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