Uma semana depois de a espanhola Spanair parar de operar, hoje é a húngara Malev a comunicar que os seus aviões vão ficar em terra a partir das 18h00 (17h00 TMG), tendo em comum também que nenhuma delas conseguiu um “acionista industrial” que financiasse a continuação das operações e que ambas estavam intimadas pela Comissão Europeia a devolver “ajudas de Estado”.
O site da Malev publica hoje o aviso da cessação de operações, dizendo que a companhia "cessa as suas operações para minimizar as suas perdas".
Infelizmente, aconteceu o que mais receávamos e quisemos evitar com todas as nossas forças — começa por dizer o CEO da Malev, Loránt Limburger, citado nesse aviso.
Loránt Limburger deixa entender que a companhia não conseguiu suportar a pressão dos fornecedores para que pagasse adiantado os serviços.
O executivo diz que embora “até aos últimos dias houvesse perspectivas de continuar a operação” e a companhia continuasse a ter “a confiança dos passageiros”, “os nosso parceiros perderam a confiança devido à informação publicada nos últimos dias e começaram a solicitar o pagamento adiantados dos seus serviços”, acrescentando: “isto acelerou as saídas de dinheiro e a situação da companhia aérea tornou-se insustentável”.
Loránt Limburger diz ainda que “apesar das melhores intenções”, o proprietário da Malev, “não pode providenciar recursos financeiros adicionais para (poder continuar) a operar”, especificando que esse é o quadro depois da decisão da União Europeia, que impede as ajudas de Estado.
“Considerando tudo isto, a administração decidiu ordenar a cessação da operação da Companhia Nacional Húngara. Pedimos desculpa a todos os nossos passageiros”, conclui o CEO da Malev.
O aviso tem ainda a indicação para os passageiros que de acordo com a legislação que entrou em vigor no passado dia 31, e que a imprensa internacional considerou desde logo significar que o Governo húngaro se preparava para o desfecho hoje anunciado, a companhia vai providenciar os encaminhamentos para outros voos e/ou meios de transporte dos passageiros que compraram bilhetes antes do fim das operações para viagens hoje e nos próximos três dias têm “direito a assistência”, bem como para os que já iniciaram a viagem e têm regressos válidos até 29 de Fevereiro.
De acordo com a imprensa internacional, o primeiro-ministro húngaro, em declarações a uma rádio do País, indicou que o fim das operações da Malev foi precipitado depois que dois dos aviões da companhia não tiveram autorização de levantar voo de Israel e da Irlanda.
O primeiro-ministro Viktor Orban, nas mesmas declarações, garantiu que o executivo tentou manter a Malev operacional pelo máximo de tempo possível, mas que não podia arriscar perder os aviões, que tinham começado a ficar arrestados no estrangeiro.
Viktor Orban disse também não considerar impossível uma reativação da companhia.
“Se nós conseguirmos livrar dos fardos herdados do passado, pode haver uma companhia nacional húngara”, afirmou.
A Malev operava uma frota de 22 aviões alugados e tinha sido renacionalizada em 2010, depois de uma tentativa de privatização falhada.
De acordo com a imprensa internacional, o Governo húngaro chegou a ter negociações durante o ano passado com a chinesa Hainan Airlines, mas que não resultaram no “acordo de cooperação” que ambicionava.
O “golpe de misericórdia”, dizem, foi a decisão, no dia 9 de Janeiro, da Comissão Europeia a ordenar a devolução das “ajudas de Estado” recebidas pela Malev entre 2007 e 2010.
No ano passado, a Malev teve um prejuízo de 24,6 mil milhões de florins (cerca de 84,4 milhões de euros).
Photo by: Jens Schlichting (airpics.net).
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