sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Jornal da Globo mostra o 787



Em um lugar com tanta tecnologia por metro quadrado o trabalho é artesanal.

O Boeing 787 Dreamliner tem o jeitão de um pássaro e foi apresentado como um elemento revolucionário na aviação.

A fuselagem é o que chama atenção primeiro: 50% são compostos de fibra de carbono e 20% de alumínio- algo inédito.

Isso significa que o Dreamliner é bem mais leve. Por isso, usa uma quantidade menor de combustível e polui menos.

Um diretor da companhia levou o Jornal da Globo a um passeio por uma réplica do avião. Assim foi possível conhecer o que muda para o passageiro.

"Os materiais compostos não corroem, não ficam fatigados, como acontece com o alumínio. Isso nos permite colocar mais pressão e mais umidade na cabine de passageiros", afirmou o diretor da Boeing Ken Price.

Nos aviões atuais, a pressurização faz com que o passageiro se sinta em uma altitude de 2,4 mil. É mais ou menos como caminhar pela cidade de Bogotá, na Colômbia.

O 787 pode simular uma altitude menor: 1800 metros e uma cabine mais bem pressurizada é melhor para o corpo humano.

"A baixa pressão pode causar rigidez muscular e dores de cabeça. Então, nós fizemos muita pesquisa para escolher a pressão e o nível de umidade ideais", disse Ken Price.

Tecnologia também nas janelas. Não por causa do tamanho - elas são bem maiores e dão a sensação para o passageiro de mais espaço- mas pela intensidade de luz dentro da cabine. O passageiro faz o controle apertando apenas um botãozinho. Ela não tem aquela tradicional tapadeira.

São janelas feitas com vidros fotocromáticos, que ficam escuros quando recebem muita luz.

"Quando você deixa a janela escura, ainda pode enxergar do lado de fora, curtindo a experiência de voar", observou o diretor da Boeing.

A iluminação é um fator importante durante o voo. Não só pelo bem estar do passageiro, mas pelo consumo de energia do avião. A companhia apostou na tecnologia das lampadas led.

Elas consomem menos, esquentam menos, exigem menos do ar condicionado e dão um efeito especial: são centenas de combinações de cores, que podem simular, por exemplo, o pôr do sol, levando os viajantes a um sono mais tranquilo.

Os assentos são mais finos, mas confortáveis. Já o bagageiro, basta um toque para conferir.

"O nosso objetivo é que os passageiros possam colocar aqui, quatro malas dessas grandes", observou Ken Price.

O 787 caiu no gosto da freguesia. Em 2008, as companhias aéreas já tinham encomendado 910 unidades, mas falhas no projeto inicial e sucessivos atrasos no cronograma espantaram a clientela.

Em 2009, o número de encomendas caiu para 840. Essa semana, finalmente, o projeto decolou.

Temperatura abaixo de zero, céu nublado, pista molhada no aeroporto de Paine Field, cidade de Everett, Estado de Washington, norte dos Estados Unidos. Depois de décadas, o maior projeto de uma das principais de fabricantes de avião do mundo, o Boeing 787 Dreamliner, decolou para o seu primeiro voo.

Rapidamente ele some no meio das nuvens e lá em cima apenas dois pilotos de testes.

À frente deles, um cockpit com seis monitores de LCD, mas a ideia é que o piloto nem precise olhar para eles, pois as principais informações serão projetadas na altura do para-brisa.

O novo colosso dos ares tem 60 metros de envergadura, 56 de comprimento e quase 17 de altura. A capacidade vai de 210 a 330 passageiros.

Duas poderosas turbinas empurram o avião. Outro ponto inovador: pela primeira vez na aviação comercial um avião vai poder ser equipado com motores de marcas diferentes. No caso do Dreamliner com reatores General Eletric ou Rolls Royce.

Depois de três horas e meia no ar, ele deu as caras e pousou, debaixo de chuva, na pista também molhada do aeroporto de King County, em Seatlle.

"O avião se comportou com o esperado. Nós vimos naqueles grandes monitores todo tipo de informação e acontecia tudo que concebemos anos atrás", constatou o piloto de testes Randy Neville.

"Nós temos um grande avião e podemos dizer que estamos esperando todas as ligações dos clientes com a suas encomendas", completou o coordenador do projeto, Scott Fancher.

Mais do que botar a Boeing na briga com a Airbus pela disputa do mercado mundial de aviação comercial esse pouso seguro foi prova de uma eficiência tecnológica sem tamanho.

Fonte: G1

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