sexta-feira, 31 de julho de 2009

Aviação defronta-se com queda “chocante” das receitas de tráfego internacional segundo IATA


A IATA revelou hoje que estima em 25% a 30% a queda de receitas do setor em voos internacionais em Junho, classificando-a de “chocante” e alertando que o decréscimo ocorre no começo da estação alta Junho – Agosto, período em que as companhias aéreas tradicionalmente ganham dinheiro.

A IATA indicou que em Junho o tráfego internacional de passageiros (em RPK = passageiros x quilômetros percorridos) baixou 7,2% em Junho e a taxa de ocupação dos voos, que considera um indicador crítico, caiu de 77,6% para 75,3%.

A Associação assinala que a queda de Junho é menos acentuada do que a verificada em Maio (-9,3%), mas que ainda assim o setor não conseguiu tirar capacidade do mercado ao mesmo ritmo, o que lhe aumenta a pressão para baixar preços.

“Embora pareça haver estabilização em alguns mercados, isto tem um preço exorbitante”, diz o diretor geral e CEO da IATA, Giovanni Bisignani, citado no comunicado em que a Associação faz o balanço da evolução do tráfego internacional em Junho e no primeiro semestre.

Bisignani concretiza que os dados de tráfego mostram que “os cortes de capacidade não acompanharam o ritmo da queda de tráfego” e que mesmo com reduções de preços a taxa de ocupação baixa 2,3% em relação ao mês homólogo de 2008.


“Estes são tempos extremamente desafiadores para as companhias aéreas”, afirma ainda o diretor-geral e CEO da IATA, que diz não haver ainda sinais de uma próxima recuperação econômica e que outros riscos externos são ainda “potencialmente” mais graves, como a subida de preço do petróleo e o impacto na aviação da pandemia de gripe A(H1N1).

Giovanni Bisignani assinala designadamente a “ameaça” sobre o cash flow decorrente da queda da procura e ampliado pela queda de preços, observando que do lado dos custos, depois de anos de sucessivas reduções, a margem para mais cortes “é limitada”.

“A flexibilidade é crítica para se encontrarem novas fontes de capital e novos mercados”, sublinha ainda Giovanni Bisignani, que a este propósito renova a reivindicação da Associação de que os governos devem reformar os limites à propriedade das companhias aéreas e ao acesso aos mercados.

O balanço do tráfego internacional em Junho publicado pela IATA indica que as companhias da Ásia e Pacífico tiveram a maior queda, com –14,5%, seguindo-se as europeias, com –7,1%, e as norte-americanas, com –6,7%.

A exceção foram as companhias do Médio Oriente, com um aumento da procura em 12,7%, ainda assim inferior ao aumento de capacidade (+15,2%), e as companhias da América Latina tiveram a menor queda homóloga mensal, em 4,7%.

Impacto da gripe A(H1N1) na Ásia e Pacífico

A queda de tráfego mais acentuada para as companhias da Ásia e Pacífico é explicada pela IATA com os “receios quanto à Gripe A(H1N1)”, que, diz, contribuíram para adiar alguma reanimação do tráfego.

Estimativas preliminares sugerem que o impacto da Gripe A(H1N1) agravou em quatro pontos percentuais a queda de tráfego das companhias da Ásia e Pacífico.


Queda das receitas internacionais de 29% na América do Norte

O balanço da IATA em relação às companhias norte-americanas indica que embora a queda homóloga em Junho (-6,7%) foi menor que em Maio (-10,9%), mas que esta evolução foi feita à custa de descontos.

A IATA indica, aliás, que a queda de receitas dos mercados internacionais atingiu cerca de 29% em Junho, ao mesmo nível do que tinha acontecido em Maio, embora as companhias norte-americanas sejam as que apresentam a melhor taxa de ocupação dos voos internacionais (82,6%).

Companhias mexicanas dão sinais de recuperação

A IATA indica que há sinais de que as companhias da América Latina estão se recuperando da crise que as atingiu em Maio com a eclosão da pandemia de Gripe A(H1N1), concretizando que as transportadoras mexicanas tiveram uma queda de tráfego de 25% em Junho, quando no mês anterior a quebra tinha sido de 40%.

A Associação assinala que, no entanto, permanece a incerteza quanto à evolução da pandemia e ao seu efeito no transporte aéreo.

Queda mais moderada nas europeias

Em relação às companhias europeias, a IATA assinala apenas que a queda do tráfego internacional em 7,1% em Junho foi mais moderada que em Maio (-9,4%) e para as companhias africanas indica uma queda de 5,9%.

A IATA considera que neste caso há uma perda de quota de mercado por parte das africanas, uma vez que muitas economias africanas continuam a crescer apesar da recessão mundial.

Em relação às companhias do Médio Oriente, a IATA refere que o crescimento de 12,4% em Junho foi gerado principalmente pelo aumento do tráfego nas ligações com a Europa e a Ásia.

Transporte de carga cai 16,5% em Junho

Em relação à actividade de transporte internacional de carga, a IAT diz que em Junho a queda foi de 16,5%, sensivelmente ao mesmo nível de Maio, e assinala que é o 13º mês consecutivo de queda.

A associação considera que a recuperação face ao ponto mais baixo, atingido em Dezembro, permanece lenta, pelos elevados stocks nas empresas, e avança o prognóstico de que a este ritmo vão ser precisos vários anos para que o transporte internacional de carga volte aos níveis de 2008.

Quedas no semestre são 7,6% no transporte de passageiros e de 20,6% no transporte de carga. O balanço da IATA para o primeiro semestre deste ano indica uma queda do tráfego aéreo internacional de passageiros em 7,6% e de forma mais acentuada que a redução de capacidade (-3,9%), que leva a uma queda da taxa de ocupação dos voos para 72,6%.

As companhias da Ásia e Pacífico têm a queda mais forte, em 12%, seguindo-se as africanas, com –9,2%, as norte-americanas, com –8,9%, as europeias, com –7,6%, e as latino-americanas, com –3,2%.

Para todas estas companhias a IATA indica reduções de capacidade abaixo das quedas de tráfego e portanto com quedas das taxas de ocupação, indicador em que as mais fortes são as norte-americanas, com 76,6%, seguidas das europeias, com 73,5%.

As companhias do Médio Oriente são a exceção à tendências de queda do tráfego no primeiro semestre, com um aumento do tráfego internacional em 7,1%, mas também com queda da taxa de ocupação, para 71,1%, uma vez que a sua capacidade aumentou 12,5%.

Fonte: PressTur.

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