O tráfego aéreo dentro do Brasil cresceu 7,4% na comparação no ano passado, em relação a 2007. O resultado, por um lado fica acima do aumento projetado para o PIB, de 5,62%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central.
Mas, por outro, é o menor desde 2003, quando houve encolhimento do mercado. O resultado final da demanda em 2008 também ficou abaixo da projeção da TAM, por exemplo, líder de mercado que estimava um crescimento de tráfego entre 8% e 12% nos vôos domésticos.
O desempenho da demanda foi afetado pela forte desaceleração da busca por viagens aéreas nos últimos quatro meses de 2008. No acumulado do ano até agosto a demanda crescia 10,9%. Em setembro, mês em que a crise financeira mundial eclodiu, o aumento acabou por ficar abaixo de dois dígitos (4,6%).
Em outubro e novembro, o tráfego entrou em "recessão", encolhendo 3,9% e 1%. Por fim, em dezembro, segundo os dados divulgados ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), subiu 3,7%.
A oferta de assentos cresceu 12,8%. Como ela cresceu em ritmo maior do que a demanda, a frota das companhias voou um pouco menos cheia, com 66% dos assentos ocupados em comparação com a taxa de 69% em 2007.
No ano passado, a TAM permaneceu líder de mercado, seguida de Gol, OceanAir, Webjet e Trip, entre outras.
No mercado de vôos internacionais, o crescimento acumulado do tráfego atendido apenas por companhias aéreas brasileiras cresceu 25,7%, ajudado principalmente pela expansão da TAM no exterior. A companhia aérea tem 75,3% de participação nesse segmento, no acumulado do ano. A Gol, 23,8%.
Porém, os dados acumulados do ano chamaram menos a atenção de analistas do setor do que os números de dezembro, isoladamente. No último mês do ano, o tráfego em vôos nacionais subiu 3,7% e em vôos internacionais caiu 0,1%.
"O aumento no mercado doméstico pode ser visto como um copo meio cheio ou meio vazio: por um lado, está bem abaixo da média do ano. Por outro, reverteu as quedas de outubro e novembro", afirma Paula Kovarsky, analista da corretora do Itaú.
"Já o tráfego internacional foi uma decepção", diz, uma vez que dezembro é mês de férias e costuma ter crescimento mais forte. Em dezembro, a ocupação dos vôos foi de 67%, abaixo dos 72% relativos a igual mês de 2007.
"Por ser um mês tradicionalmente com muitas viagens de lazer, chamou atenção a queda na ocupação da TAM - de 72% para 66%", diz Eduardo Puzziello, analista do banco Raymond James.
A Gol também caiu, de 72% para 68%, mas isso já era esperado devido à integração complexa nas malhas das companhias iniciada em outubro. Para 2009, as projeções indicam crescimento do tráfego doméstico novamente abaixo dos 10%.
A TAM projeta aumento entre 5% e 9%; a Gol estima crescimento de 6% e a Anac, entre 4% e 5%. Não há estimativas oficiais para o tráfego no mercado internacional. Segundo Kovarsky, do Itaú, no curto prazo a demanda por vôos ao exterior pode arrefecer, por causa do dólar e da crise, e afetar a TAM, que tem uma grande fatia do mercado e vôos para destinos de longa distância.
A Gol só voa para a América do Sul e vem encolhendo sua participação.
Fonte: Valor Econômico.
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